O Presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), Dr. Octávio Oliveira, em entrevista à Impakt a revista da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, expõe as estratégias/medidas que irão ser adotadas para ajudar a aumentar a qualificação/competências dos portugueses e desta forma aumentar a empregabilidade e competitividade de Portugal.
Crise Económica vs Desemprego
Atualmente Portugal debate-se com a taxa de desemprego mais elevada dos últimos anos, sendo que a crise económica que afeta Portugal e a Europa não é o único motivo para este fato.
O nível da atividade económica, a que está associado o nível de emprego, é a variável mais determinante para explicar o nível de desemprego. A insustentabilidade de um modelo económico assente no investimento público e na atividade imobiliária (modelo português) tem implicado alterações substanciais, com o desaparecimento de muitos postos de trabalho. A falta e a desadequação das competências dos trabalhadores portugueses tem dificultado o ajustamento, designadamente nas áreas técnicas, em que algumas oportunidades de emprego e de dinamização da atividade económica são condicionadas por esta realidade.
Incentivos à Qualificação
Um dos principais obstáculos para que se consiga um aumento da produtividade é a falta de qualificação do pessoal especializado. Por este fato, o IEFP entende a qualificação profissional dos portugueses como uma variável estratégica para a economia e para as empresas. Atualmente confere-se a maior importância ao desenvolvimento de ações de formação em áreas e saídas profissionais que confiram empregabilidade, tendo sido feitos estudos de avaliação, procurando que deste processo haja a maior utilidade.
A qualificação deve apoiar o processo de reindustrialização do país, pelo que o IEFP confere a máxima prioridade a ações nas áreas técnicas e tecnológicas. A estratégia do IEFP neste domínio passa por priorizar recursos nesta área e para além da utilização dos meios dos Centros de Formação Profissional de Gestão Direta e de Gestão Participada, privilegiar a cooperação com empresas e instituições de referência.
A maior participação das empresas no processo de formação é fundamental, pelo que o desenvolvimento da Aprendizagem, o modelo português de formação dual, e estágios complementares em contexto de trabalho serão formas de concretizar a desejável maior participação das empresas.
Vantagens do Sistema DUAL
Para a produtividade das empresas e da economia, a existência de recursos humanos qualificados é fundamental. Há outros fatores determinantes, como o nível de investimento, a tecnologia, a inovação ou a organização, mas o capital humano é muito importante.
O sistema dual, ao fazer intervir decisivamente as empresas na formação, implica que este processo tenha a maior rendibilidade e utilidade, pois a formação desenvolve-se com uma finalidade: a inserção das pessoas qualificadas em processos produtivos.
O desenvolvimento de uma cultura e uma mentalidade empresarial e produtiva é favorecido pela formação em contexto empresarial. A atualização das competências perante as necessidades das empresas é favorecida por este sistema, sendo que por esta implicação as inovações chegam mais cedo aos processos de qualificação.
Participação Ativa das Empresas no Sistema de Qualificação Profissional
A participação ativa das empresas no sistema de qualificação profissional é decisiva para melhor rentabilização dos investimentos feitos em qualificação profissional. Apenas poderá ser concretizado o objetivo de envolver 30.000 jovens, a par do desenvolvimento de estágios em contexto de trabalho, já em 2012, com a participação ativa das empresas. Nos próximos anos o objetivo será reforçar ainda mais a participação das empresas e envolver mais jovens na Aprendizagem, dando-lhe, desta forma, mais importância.
Concomitantemente com estas ações, o IEFP desenvolve cooperação com empresas e entidades de referência, apoiando a formação em áreas de tecnologias avançadas e em processos de inovação.
Apoio às Empresas
O processo de reestruturação do IEFP consagra uma integração local, ao nível operacional, entre o emprego e a formação, com o objetivo de melhor rendibilização das estruturas, dos recursos e das intervenções.
É importante que desajustamentos percecionados no mercado de trabalho, ao nível de dificuldades de satisfação de ofertas de emprego, ou de qualificações pretendidas pelas empresas e as disponíveis no mercado, tenham tradução imediata ao nível dos processos de qualificação, o que esta reestruturação poderá propiciar.
Um dos objetivos presentes neste processo é que o serviço público de emprego tenha uma maior participação na colocação de pessoas desempregadas no mercado de trabalho e que a formação profissional tenha uma maior participação na ativação das pessoas desempregadas e na concretização de trajetos de retorno ao mercado de trabalho.
Nota Curricular de Octávio Félix de Oliveira
Octávio Félix de Oliveira nasceu em Tramagal, em 18 de Maio de 1960. É Licenciado em Organização e Gestão de Empresas, pelo Instituto Superior de Economia, da Universidade Técnica de Lisboa (1983), e MBA em “Empreendedorismo e Criação de Empresas”, na Universidade da Beira Interior (2007).
No decurso da vida profissional desempenhou funções docentes como assistente estagiário no Instituto Universitário da Beira Interior (1983-1985), na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, (1985-1987); no ISLA –Santarém (198- 1988), e na Escola Superior de Gestão, do Instituto Politécnico de Santarém, (1994, 1997 e 1998).
Ingressou no IEFP, I. P. em Novembro de 1987 desempenhado vários cargos. Foi Vice-Presidente Executivo do NERSANT-AE, Associação Empresarial da Região de Santarém (1993-1995) e Administrador da Escola Profissional de Torres Novas, em representação do NERSANT –AE (1993-1995).
Atualmente, na qualidade de Presidente do Conselho Diretivo do IEFP, IP., integra a composição, entre outros, dos seguintes organismo e instituições, na qualidade de representante: Comité do Emprego da União Europeia e Comité LEED [Local Economic and Employment Development Programme] da OCDE e Vogal não permanente da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) como representante do Ministério da Economia e do Emprego.